"Tem gosto de cortiça!" Quantas vezes dizemos isso? Talvez no momento mais bonito, quando você está à mesa com familiares e amigos... pior ainda se isso acontecer na melhor companhia. E talvez você não tenha outras garrafas! E talvez tenha pago uma fortuna por isso!
Mas de quem é a culpa desse defeito? Do rolha? Coitado, ele é apenas um pedacinho de árvore de cortiça. Ele também sofre. O fato é que, infelizmente, foi infectado por uma espécie microbiana que não deixa escapatória. Armillaria mellea, que é um fungo comestível que só deve ser consumido após cozimento, se desenvolve na base das plantas ou sobre cascas grossas. E assim é como conseguem atacar as cascas dos sobreiros. Um massacre está acontecendo em muitos sobreirais portugueses e sardos. Esse parasita, uma vez que se instala na superfície da casca, produz um composto que se fixa às fibras de madeira e deixa um aroma inconfundível. Seu nome é "2,4,6-tricloranisol", mais comumente conhecido como TCA.
Acredita-se que o número de rolhas infectadas no mundo seja de cerca de 1,5-2%, mas as estimativas podem ser ainda maiores nos últimos anos. Isso significa que pode haver a mesma porcentagem de garrafas para jogar fora! Na França, inventaram uma resina especial que fixava o TCA e restaurava a integridade do vinho. Eu experimentei; tinha a forma de uma ampulheta; você vertia o vinho "infectado" em uma taça conectada por um estreitamento que continha essas resinas, e então o vinho filtrava para o recipiente de vidro abaixo. Em suma, uma filtração lenta. Na Itália, isso nunca chegou… as resinas foram consideradas inaceitáveis para uso alimentar.
Então, Armillaria mellea infecta a cortiça na árvore, produz TCA e o produtor de cortiça só percebe se atingir certas concentrações. O problema é que mesmo em concentrações não detectáveis na fonte, as rolhas podem comprometer o vinho.
Então lembre-se… deveríamos dizer que tem gosto de tricloranisol! Mas todos pensariam que estamos loucos!
A primeira coisa a não fazer, logicamente, é beber a garrafa, nem mesmo depois de deixá-la respirar! Também é uma opinião bastante comum que o vinho que tem gosto de cortiça pode ser usado para cozinhar, uma vez que o cheiro deveria desaparecer graças ao calor. Isso é parcialmente verdade, pois sim, o aroma pode desaparecer após um cozimento prolongado, mas, ao mesmo tempo, é difícil ter certeza de que o prato não ficará com nenhum traço do desagradável sabor de "cortiça". Portanto, a recomendação é evitar usá-lo na cozinha em geral, especialmente para preparar marinadas ou molhos.
No entanto, o vinho que tem gosto de cortiça pode encontrar uso fora da cozinha. Pode, de fato, ser usado como “desinfetante” para frutas e verduras: basta adicioná-lo à água de lavagem para eliminar certos tipos de bactérias, graças à ação do álcool que contém. Especificamente, o vinho branco que tem gosto de cortiça, mas também aquele esquecido na geladeira por muitos dias, pode ser usado para limpar a bancada da cozinha, assim como para tirar manchas de tecidos, e, paradoxalmente, também ajuda a remover manchas de vinho tinto. O vinho tinto, por sua vez, é um excelente fertilizante, especialmente indicado para tornar suas plantas e flores fortes e exuberantes.
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